por Jairo Filho
Vivemos num mundo
capitalista de configuração consumista que detesta tudo o que é durável, mas
valoriza tudo o que seja de uso instantâneo. No consumismo não se valoriza o
acúmulo de bens permanentes – porque priva o consumidor da possibilidade de
experimentar novas sensações e isso leva a frustração e ao tédio – mas usar e
descartar os bens em seguida, a fim de abrir espaço para consumir novos bens,
usos e novidades mais novas do que um segundo atrás. Assim, uma pessoa bem
sucedida é aquela que convive sempre com novidades, variedades e rotatividades.
Disso, surge a cultura do descartável e do aluguel. Nessa cultura, você não
compra, aluga.
Nossos
relacionamentos seguem a mesma mentalidade da cultura do descartável. As
pessoas e os relacionamentos se tornam descartáveis quando se aluga o corpo e o
coração do outro por motivos utilitaristas. E assim, surge o risco de você ser
abandonado pelo seu parceiro, sem o seu consentimento, quando você não for mais
útil. Disso, surgem medos, inseguranças, incerteza, trocas, chantagens e
superficialidades. Nesses tipos de relacionamentos, o compromisso e a
fidelidade são isentos, porque gera privação de novas sensações, experiências,
possibilidades. Porque o viver junto é substituído pelo ficar junto até quando
houver vantagens, benefícios, satisfação e a libido.
É trágico
diagnosticar que a convivência foi substituída pelos encontros episódicos sem
compromisso. O casamento foi substituído pela sucessão de romances com taras
sexuais. O divórcio foi substituído pelos CSS – casais semi-separados. O
adultério passou a ser uma aventura necessária para valorizar os (des)casados.
As amizades foram substituídas pelas salas de chat e as redes, onde se pode
conectar e desconectar a qualquer hora, sem compromisso, promovendo relações
fantasiosas ou relações profundas protegidas pelo anonimato da máscara da
falsidade.
Nesses
relacionamentos descartáveis surge a insaciável expectativa de que o melhor -
pessoa, beijo, transa, romance, aventura, paixão, vantagem, lucro - está por
vir e que há algo melhor pelo que esperar. Ou seja, uma sensação de insatisfação
tipo “não era bem isso que eu queria”. Assim, as pessoas
acabam desaprendendo o amor verdadeiro e tornam-se incapazes de conjugar o
verbo amar de todo coração. A sensação de que se pode ser abandonado e
substituído a qualquer momento provoca ansiedade, insegurança, incerteza, ciúme
doentio e isso impede a entrega total; uma vez que se tem a sensação de
insatisfação, perda, falta, e engano, enquanto se relaciona com os outros.
Fazendo essa
leitura da cultura dos relacionamentos descartáveis podemos ter 3 princípios do
evangelho para reciclar nossos relacionamentos:
(1) AMOR É
ACEITAÇÃO INCONDICIONAL (I Co 13:4) – Ao se relacionar com alguém não espere
pessoas prontas, completas e concluídas, mas estimule e caminhe junto à
maturidade.
(2) AMOR É
TRANSFORMAÇÃO E REALIZAÇÃO (I Co 13:5) – Amar não é satisfação egocêntrica.
Quando seu relacionamento não estiver satisfatório, não mude de parceiro(a),
mas mude a si mesmo e o relacionamento.
(3) AMOR É UMA
ETERNA CAMINHADA DE FIDELIDADE E COMPROMISSO QUE SE RENOVAM A CADA MANHÃ (I Co
13:7) – Amor não é um episódio ou um encontro virtual esporádico, nem atração
física superficial e descartável. Mas é andar junto, é convivência,
proximidade, entrega, coração despido de máscaras, intimidade em direção à
profundidade do ser amado.
(4) O AMOR
VERDADEIRO É ETERNO, PORQUE “NUNCA PERECE” (I Co 13:8). Assim, o amor, segundo
os ensinamentos da Palavra de Deus, recicla qualquer relacionamento destruído
pela cultura do descartável.
Ame.