terça-feira, 9 de junho de 2015

Caminhada e corrida ajudam a tratar e combater a depressão

Quem tem o hábito de caminhar para espairecer não imagina o bem que está fazendo para a mente. Pelo menos essa é conclusão de uma pesquisa de uma universidade da Escócia sobre os efeitos positivos da caminhada contra a depressão.

De acordo com o estudo publicado na revista científica Mental Health and Physical Activity, "caminhar é uma forma de intervenção efetiva contra a depressão" e tem resultados similares aos de formas mais vigorosas de exercício.


Para os autores do estudo da Universidade de Stirling, que analisaram os dados de 341 pacientes, "a caminhada tem a vantagem de poder ser praticada pela maioria das pessoas, de implicar pouco ou nenhum custo e de ser relativamente fácil de incorporar à rotina diária".

Ainda segundo com os pesquisadores, são necessárias mais investigações para definir questões sobre a duração, a velocidade e o local onde a caminhada.

Em entrevista à BBC, Adrian Taylor, que estuda os efeitos dos exercícios contra a depressão, os vícios e o estresse, na Universidade de Exeter, informa que não se sabe exatamente como os exercícios ajudam no combate à depressão, mas acredita que eles podem funcionar como uma distração dos problemas, dando uma sensação de controle e liberando hormônios do "bom-humor".

Então, antes de se deixar abater, calce um par de tênis confortável e dê uma caminhada. Confira você mesmo os benefícios desse exercício.

- A corrida libera endorfina. Esporte vicia... graças a Deus - disse o psiquiatra Marcos Gebara, diretor regional da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Segundo o treinador Manuel Lago, especialista do EU ATLETA, a atividade física ainda ajuda a relaxar.

- O exercício também libera a tensão muscular e aumenta a temperatura do corpo, provocando relaxamento.

O estudante João Victor Nascimento, de 23 anos, provou os resultados no próprio corpo (e mente). Vítima de repetidos episódios de depressão, há oito meses descobriu a corrida.
- A corrida me ajudou bastante e continua ajudando a diminuir essa angústia. No final de um treino já me sinto melhor - disse.

Mas essa é só a pequena ponta do (bom) iceberg. Atualmente, muitos estudos provam que o esporte aumenta consideravelmente a produção de neurotrofinas, uma família de proteínas que protegem os neurônios.

- Imagine que o neurônio é uma planta e nasce a partir de uma semente. Se você a coloca em um solo pobre e arenoso, certamente terá uma planta de baixa qualidade. Se a colocar em solo fértil, terá uma árvore grande, frondosa e resistente. A neurotrofina é o "jardineiro" do neurônio – comparou Marcos Gebara.

Corpo x mente

Todas as doenças da mente têm componentes genéticos e componentes ambientais, em maior ou menor proporção. Em algumas, como a esquizofrenia, o papel orgânico é mais preponderante, mas até o estresse causa perda de neurônios, sabia?

- O estresse crônico provoca atrofia e eliminação de neurônios. E a atrofia está diretamente relacionada à depressão, o mal do último século - disse Gebara, citando estudo recente da Organização Mundial de Saúde.

Segundo o texto, a depressão já é comum em todas as regiões do planeta e atingiu 5% da população mundial no último ano - nada menos do que 350 milhões de pessoas.

- E isso não é o mais grave: até 2030, a depressão vai ser a doença mais incapacitante de todas, ultrapassando os problemas cardíacos – alertou o médico.

O depressivo, em geral, apresenta menos força de vontade para ingressar em um programa de exercícios físicos, mas isso não é motivo para desistir dele. Manuel Lago já desenvolveu algumas estratégias para fazer todo mundo se mexer.

- É sempre bom levar o aluno para ambientes externos, como praias, lagoas e parques, quanto menos gente olhando, melhor. E o exercício deve começar leve, com caminhadas curtas e pedaladas, sem preocupação com ritmo ou freqüência cardíaca - disse.

Também chamada de "depressão bipolar”, a doença do professor Pat do filme é a segunda mais comum no consultório do psiquiatra.

- Com a melhora do diagnóstico, muitos casos tratados com depressão hoje são identificados como bipolaridade, com picos de euforia e depressão.

Com tanta informação em mãos, o médico não dá chance para o azar e coloca em prática o que indica a seus pacientes. Praticou todos os esportes de quadra na infância e segue correndo, pedalando e surfando aos 60 anos.

- Não adianta ser atleta de final de semana, o cérebro e o corpo precisam de estímulo diário - disse Marcos.

Para quem já está doente, o esporte ainda é uma boa fonte de objetivos - uma prova a concluir, um tempo para cumprir, um peso a perder - fatores importantes no controle da mente. Além disso, hoje a medicina sabe que os neurônios não nascem apenas na infância, mas seguem brotando durante toda a vida. Contanto que o solo seja fértil, nunca é tarde para gerar uma boa florada.

GloboEsporte