É uma pena! Lamentável!
Não quero aqui mergulhar nas entranhas dos
motivos da queda da Dilma, creio não ser o homem mais apropriado pra isso no
momento, e, por esse motivo, abstenho-me de entrar nesse mérito. Mas, o que chamou
muito a minha atenção nesse fatídico dia 31/09/16, foi ver a vibração eufórica
de políticos e brasileiros exasperados com o desfecho da saída da Dilma da
presidência da República.
Repetidas vezes disse que não sou PT e nenhum “P”
partidário – e não sou mesmo –, mas, é claramente notável o ódio coletivo que
abraçou o povo (políticos principalmente). Seja crime mesmo ou não que veio a
culminar na queda da Presidente – agora definitivamente ‘ex’ –, não me
interessa aqui, essa minha alocução é apenas sobre a indignação que tem coberto
a nação, indignação esta que eu mesmo já senti em outras ocasiões onde proferi –
ao invés de lamentar –, “bem feito” como julgamento e desejo de vingança para alguns.
Trocar a verdade pela injustiça é o que corrompe
a gente profundamente. Na minha profissão, quantas vezes eu já disse um “bem
feito”... Ninguém aqui está querendo passar uma de ‘super-santo evangélico’, de
politicamente correto, de um ser demasiadamente justo, ou, fazer da causa
exposta um discurso de bondadismo, mas, o disco ao invés de tocar a música do “que
pena, que tristeza!”, toca a, “bem feito ele(a) mereceu!” Nosso desejo deveria
ser pra torcer que ninguém mais sofresse a mesma condenação...
Hoje eu cansei de ler nas redes sociais a
pateticidade em relação à saída da Dilma, pessoas vociferantemente alegres
dizendo: “bem feito, vadia, perdeu o poder. Tachu querida!”. Quanto ódio
camuflado pelo “chega do PT, chega da Dilma, basta!”
Lamentável esse sentimento de desejo de mal disfarçado
de justiça, de democracia.
Ainda desejaram ardentemente que ela perdesse o
direito de trabalhar em qualquer órgão por 8 anos, ou seja, já não bastassem a
queda do cavalo, ainda queria que dita tomasse um coice. Quem diz “bem feito”
está manifestando – mesmo que não queira admitir –, um desejo de vingança, uma
vingança disfarçada também com a afirmação do: “ele(a) está colhendo o que
plantou!”
Nunca diga “bem feito”, os “bem feitos” que
saem de nossa boa é a manifestação esfuziante da derrota do outro. Nem contra
os supostos inimigos – não deveríamos nem tê-los – se vale o “bem feito”. Jesus
manda orar pelos inimigos e por aqueles que nos perseguem, como poderíamos
vibrar com a derrota do outro, com a queda do outro? O alegrar-se com a desgraça
alheia é perigoso demais, nos faz perversos. É pecado grave. É falta de
prudência. É covardia. É desrespeito. É chamar a desgraça para própria vida.
Ou o amor de Deus é o âmago do meu ser ou ele
não é nada na minha existência!
Hoje foi um dia triste, senti-me mal e em ver o
mal. Vi pessoas criarem ‘memes’ felizes com a queda da ínclita Dilma, montarem
vídeos caçoando, áudios, mensagens... Enfim, todos numa epifania catártica.
A dor de Jesus em relação a Judas não foi pelo
fato dele tê-lo traído com dinheiro desviado, mas a dor do mal que ele (Judas) causou
a si mesmo.
Caso semelhante o de hoje ocorreu no A.T. A nação
de Israel fora destruída por outra nação devido os erros e pecados que
transbordaram, e os seus inimigos passaram a alegrar-se a respeito daquela
fatalidade, daquela desgraça que atingiu a Nação israelita, houve alegria entre
os inimigos e passaram todos a dizer: “Bem-feito!
Bem-feito!” Você mereceu isso! Tome! Mas Deus disse-os: “Não diga “bem
feito” porque por aquilo que veio sobre eles, pois estarás oferecendo uma
medida de juízo do qual você também será julgado.”
Cuidado, isso é loucura e insensatez, regozijar-se
deixando que esse espírito do “bem feito” cresça em seu coração achando que
isso não lhe trará nada. Deus não suporta tamanha mesquinhez. Ele pode punir com
severidade quem age assim.
O tempo passa, o mundo gira, as coisas se
movimentam, a terra começa a produzir aquilo que nela foi lançada e,
inesperadamente o que você plantou colherá. Você toma conhecimento que começou
a colher os frutos da semeadura, começa a passar pelo pior processo da vida.
“Quem semeia vento, colhe tempestade” (Oséias
8.7). Esse é o processo natural para qualquer pessoa que prejudica outra com o “bem
feito”: colhe o que planta!
Aliás, Paulo termina: “Tudo que o homem
plantar, é exatamente isso que ele ceifará.”
Meu desejo é deixar que a graça de Deus os
ilumine.
Estais de pé? Cuide pra não cair!
Que Deus abençoe a nação, a Dilma e você!
Rubens Júnior
01/09/16