Para muitas famílias, beijo na boca, entre pais e filhos, é algo absolutamente normal. Por isso queremos mostrar a posição de alguns psicólogos a respeito disso. Charlotte Reznick, psicóloga especializada na área infantil, por exemplo, posiciona-se totalmente contra às bitoquinhas. Ela diz que se você começa a dar beijinhos na boca de seus filhos, eles não vão saber a hora de parar, e isso pode ser muito confuso. E o problema não para por aqui. Ela também ressalta a consciência sexual dos pequenos, já que geralmente isso começa muito cedo e beijos inocentes podem estimular emoções confusas.
Crianças de 4 e 6 anos de
idade já estão começando a despertar sensações e sentimentos que devem ser
administrados com muita cautela. Segunda
a psicóloga, se você costuma dar beijos na boca de seu filho e quer saber a
hora de parar, é agora, imediatamente.
Mas, como tudo na vida, há controvérsia.
Neste caso, quem se
opõe aos pensamentos de Reznick é a psicóloga
Sally-Anne McCormack. Para McCormack, é impossível uma criança ficar confusa porque dá beijo na boca do pai
ou da mãe. Acreditar nisso seria o mesmo que acreditar que elas ficam confusas
com a amamentação também. Essa discussão toda começou lá na Inglaterra
depois que a modelo e cantora Victoria Beckham postou uma foto dando um
beijinho na filha. O debate foi muito acirrado na internet. Muitos defendem que é melhor beijar os
filhos apenas na bochecha, independentemente da idade.
Segundo estes, a criança
aprende logo os códigos da sociedade. Portanto, ela sabe muito bem que beijar
na boca não é tão comum quanto um aperto de mão. Para alguns especialistas, é importante observar o comportamento
imediato do seu filho – se ele rejeitar o beijo, então é porque não se sente à
vontade. Por outro lado, se ele procura beijar na boca dos pais, é
igualmente importante estabelecer limites.
Para a psicanalista Myriam Szejer, a criança deve aprender que beijos na boca são apenas para adultos
apaixonados. Há várias formas de demonstrar carinho e por que não
procurar a mais segura? (interessante, digo eu) Além de todos esses pontos, os
profissionais que são contra o beijo na boca entre pais e filhos alertam a
respeito da higiene. Os pequenos são muito mais sensíveis do que os
adultos, por isso podem contrair germes e bactérias com maior facilidade.
Portanto, para evitar a
transmissão de gripe, herpes e outros problemas de saúde, não beije no rosto de bebês e evite beijar na boca das crianças.
Beijar os filhos na boca é
‘muito sexual’, alerta psicóloga Professora da UCLA e autora de best-seller diz
que hábito pode confundir as crianças
RIO — O ato de os
pais darem um estalinho em seus filhos é uma demonstração de afeto, carinho,
mas, para a psicóloga americana Charlotte Reznick,
deve ser evitado. A professora da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e
autora do best-seller “The power of your child’s imagination: how to transform
stress and anxiety into joy and success” (“O poder da imaginação dos seus filhos:
como transformar estresse e ansiedade em alegria e sucesso”, em tradução livre)
levantou a polêmica ao declarar, em entrevista ao jornal britânico “The Sun”, que
beijar os filhos na boca é “muito sexual”.
Se mamãe beija o papai na boca e vice-versa, o que significa quando eu, uma
menininha ou um menininho, beijo meus pais na boca? — polemizou a renomada
psicóloga da infância, destacando que a
boca é uma zona erógena que, ao ser estimulada, pode causar confusão nas
crianças.
Não é a primeira vez que Charlotte trata do tema. Em artigo publicado há alguns
anos, a psicóloga explicou que quando os
pais começam a beijar os filhos na boca, é confuso determinar a hora em que
devem parar.
— Se eu tivesse que responder
quando parar de beijar seus filhos nos lábios, a resposta seria agora —
afirmou Charlotte.
Como exemplo, ela citou
uma menina de 6 anos que recebe beijos do pai nos lábios, ato completamente
inocente, de ambos os lados, mas se a menina vai para a escola e tenta
beijar seus coleguinhas nos lábios, de forma também inocente, ela é taxada como
uma “assediadora sexual”.
— Quando uma criança chega a 5 ou 6 anos, e começa a ter consciência
sexual, o beijo nos lábios pode ser estimulante para ela — disse a
psicóloga. Até entre os especialistas, o
tema é polêmico. A psicóloga Margarida Antunes
Chagas concorda, em parte, com sua colega de
profissão.
— Não digo que sim nem não. Depende da idade da criança e do contexto
familiar — diz Margarida. — Eu entendo que é uma forma de afeto, mas, na
minha opinião, o selinho é desnecessário. Existe o abraço, o beijo, o carinho,
inúmeras outras formas de demonstrar afeição.
Segundo a especialista, crianças muito pequenas talvez não percebam
o selinho como algo sexualizado, mas a partir de determinada etapa do
desenvolvimento, que acontece em idades diferentes entre as crianças, elas
começam a perceber o beijo na boca como algo ligado ao amor romântico.
— Aí, pode ser que isso cause até um desconforto na criança — afirma
Margarida. — Mas as famílias que têm esse
costume não precisam se preocupar, pois nada indica que isso cause algum tipo
de trauma ou desvio. (? Será?, digo eu)
Já o psiquiatra da infância Fábio Barbirato diz que ele
mesmo tem o costume de dar beijos nos lábios de seu filho de 5 anos e não vê
qualquer problema nisso:
— Não existem estudos que mostrem que os pais beijarem a boca dos filhos
cause algum prejuízo — diz. — O pai e
a mãe, que têm afeto pela criança, darem um beijo ou outro na boca não tem nada
demais. É uma coisa singela, pura. O beijo na boca se torna sexualizado quando
tem o desejo sexual.
As Consequências De Beijar
O Filho Na Boca
Uma das primeiras
conseqüências de beijar os filhos na boca, já nos primeiros dias de vida, é a
transmissão de bactérias as quais os bebês ainda não possuem defesas. Segundo o presidente da Associação Odonto-criança, Daniel Korytnicki,
que concorda com a citação do infectologista Milton
Lapchik, além da cárie, “o
estalinho pode transmitir algumas doenças, como herpes simples, micoses e
outras infecções causadas por vírus”, as quais muitas vezes ficam
imperceptíveis na pele, mas que geram indisposição física, sendo necessária a
intervenção medicamentosa.
A pedagoga Jane
R. Barreto, ressalta que a criança imita
os adultos, tanto os familiares, como os vistos em programas televisivos e
filmes. Porém a representação desses papéis adultos, não significa que a
criança esteja pronta para a compreensão global do que certas atitudes que
imitam, representam, pois permanecem na inocência característica da infância.
Nesta situação, dramatizar o que viu, cantar e dançar
músicas com cunho erótico para o adulto não possui a mesma conotação para as
crianças, mas as expõe. A criança, por se estruturar através da fantasia
mediada pela realidade, vive no faz de conta a concepção de um amor dentro do
conhecimento que possui do amor de seus pais: príncipes e princesas que
desejaram estar juntos e serão felizes para sempre. Mesmo famílias que possuem
desentendimentos constantes em frente a criança, pelo infante não conhecer
outra realidade, acaba por considerar que esta forma de relacionamento é a
normal.
A autora ainda ressalta
que “Adultos não devem beijar
crianças na boca, se alimentar na mesma colher, assoprar a comida, ou ainda
recolher a chupeta, quando a mesma cair no chão, levando-a à boca, para “tirar
as bactérias”, e depois colocar na boca da criança, evitando assim a
transmissão de Hpilori, carie, herpes, sapinhos, entre outros… eles ainda estão
criando imunidade, não tem a defesa orgânica que os adultos têm. Além da
questão saúde, devem permanecer atento ao comportamento, pois se os infantes
julgarem que esse costume familiar é natural, repetirão com todos adultos que
tiverem contato. Neste sentido o diálogo com seus filhos se torna fundamental,
esclarecendo que essa atitude só deverá ocorrer no seio familiar, pois, com a
ingenuidade natural da criança, pode acontecer dela entender que, uma vez
que seus pais a beijam na boca, pode repetir o gesto com outros de seu vínculo.”
Giselle Castro
Fernandes também ressalta que criança não beija na boca e não namora.
Criança tem amiguinhos mais chegados ou não. Nas escolas, presenciam-se alguns
coleguinhas andar de mãos dadas dizendo-se namoradinhos, ou como relatou uma
mãe de uma criança de 3 anos: “Minha filha está preocupada com quem vai se
casar, pois um amiguinho casará com uma de suas amigas, o outro com outra e
assim consecutivamente.” Situações como
essas, além de gerar ciúmes, provocam também uma preocupação inadequada para a
idade, privam a criança da infância, sem nenhuma razão! O trabalho dentro
do espaço escolar de esclarecer a educadores e pais sobre este aspecto é
fundamental.
Para os pais, o namoro
infantil pode ser interpretado como uma brincadeira, mas é preciso que se
alerte quanto às consequências disso. Uma
criança de dois ou três aninhos, acostumada a dar o “selinho” em seus pais, a
tomar banho junto com o sexo oposto adulto ou a dormir na cama do casal,
dependendo de como o adulto brinca ou sente essa situação, poderá desenvolver a
erotização precoce de algumas áreas de seu corpo e este fator pode novamente
privá-la da inocência da infância. Assim, casos esses comportamentos
sejam rotinas dentro da família, precisam ser conversados e orientados dentro
do entendimento de cada fase, lembrando sempre que a criança possui uma
compreensão relacionada ao corpo bem diferente do adulto. Valdeci Rodrigues questiona: “Numa época em que a pedofilia precisa ter um amplo combate, como ficam
a cabeça desses garotos e garotas que escutam na própria escola que para fugir
do baixo astral é melhor “beijar na boca”?” Essa reflexão é primordial para
a educação infantil para pais e educadores.
Giselle Castro
Fernandes continua sua reflexão alertando
que “Na família existe o papel do
pai e da mãe – que, juntos, formam um casal que dorme junto, que beija na boca!
O papel dos filhos é outro. São crianças, e criança não beija na boca,
não dorme na cama dos pais, etc. Trata-se de demarcar esses limites
de maneira bem clara. Do contrário, fica difícil definir o papel do adulto e da
criança. Para ela, criança, dar o “selinho” é o mesmo que namorar.”. Enfatiza
ainda que “Filhinho (a) não é
namorado e, portanto, não beija igual. Beija no rosto, abraça, acaricia,
mas nada que se confunda com o carinho ou com o amor do adulto, do casal. Há
uma preocupação muito grande (e justa) dos pais, de se atualizarem, de não se
distanciarem de seus filhos, mas isso pode e deve ser feito, sem que se abra
mão de seu papel, o papel de pai e de mãe, aqueles que representam o porto
seguro aos filhos, aqueles que são “adultos”, que orientam, seguram a barra e
que deixam muito bem definida a posição de criança e de adulto na família. Pode
se ter a certeza de que os filhos, no futuro, agradecerão muito a seus pais que
não abriram mão do papel com a função paterna – no sentido literal de força, de
limite e da função materna – de cuidado, proteção. Amor entre adultos é
diferente do amor pelas crianças, pelos filhos. Portanto, o beijo é também
diferente e nem por isso menos carinhoso!”.
Se incentivarmos a infância de nossos pequenos, eles
irão amadurecer no tempo certo, não precisamos acelerar nada. Dentro desta linha de pensamento, a consequência de beijar o filho na boca
propicia uma confusão de papéis, sendo esta desnecessária ao aprendizado
infantil.
Como a concepção do adulto o beijar na boca está
relacionado a sexualidade, vale
ressaltar as colocações de Lulie Macedo que cita
que “Desde que o mundo é mundo, as
crianças não brincam de médico à toa: a aventura do descobrimento começa já nos
primeiros meses, quando o bebê experimenta o prazer de explorar o próprio
corpo, e se acentua nos anos seguintes, quando sua atenção se volta para
o corpo dos pais e de outras crianças.” Esse descobrimento corporal é
natural do ser humano e deve ser compreendido dentro desta lógica. Assim, tocar
no próprio corpo faz parte da tarefa de entender o mundo e a autora acima
complementa que “o prazer em manipular os
órgãos sexuais é uma das primeiras descobertas.” “Ela não sabe o que é certo ou errado, quais são os códigos sociais, a
diferença entre o público e o privado. Cabe aos pais e educadores ensinar que
ali não é lugar para isso.”, afirma Maria
Cecília. Desta forma a criança entenderá o sentido de privacidade e
respeito ao próprio corpo, bem como ao corpo das demais pessoas.
Essa autora também cita
que “O problema não está na
exploração sexual do próprio corpo ou nas brincadeiras entre crianças da mesma
idade. Prejudicial é a repressão do adulto a essas atitudes, quando ele grita,
proíbe, bate ou põe de castigo. Fazendo isso ele transmite a noção de que
aquilo é errado, quando na verdade essas atitudes são tão naturais quanto
aprender a andar, falar, brincar”, afirma Maria
Cecília Pereira da Silva, psicanalista e membro da ONG Grupo de Trabalho
e Pesquisa em Orientação Sexual. – “Sexualidade não é sinônimo de coito e
não se limita à presença ou não do orgasmo. Ela influencia pensamentos,
sentimentos, ações e a saúde física e mental. Se saúde é um direito humano
fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada um direito humano
básico. O “exibicionismo” infantil faz parte
da fase de exploração dos corpos. Como um brinquedo novo, a criança quer
mostrar aos outros, o que já descobriu. Quanto à menina que adora levantar a
roupa e mostrar o bumbum, por exemplo, pode estar imitando algo que viu na TV.
Em qualquer situação, cabe aos adultos começar a ensinar a noção de intimidade.”
Segundo
a psicóloga Isabel Cristina Gomes, coordenadora
do Laboratório de Casal e Família do Instituto de Psicologia da USP
(Universidade de São Paulo), os pais devem ter em mente que, social e
culturalmente, beijar na boca é uma forma de carinho entre namorados. “A
relação entre um casal é diferente da parental”, afirma a especialista.
O gesto inocente pode complicar a
compreensão infantil dessa diferença.
“Por
que o beijo que era parte da relação amorosa passou para os filhos? Penso
que pode ser uma necessidade de erotização das crianças. É claro que a criança
pode ser erotizada mesmo sem o beijo, mas esse é um hábito que a coloca em
outro lugar, que não deveria ser o dela”, diz Isabel.
A
erotização pode ser reforçada por outros fatores. Segundo a psicóloga Hilda Avoglia, da Universidade Metodista de
São Paulo, especialista em desenvolvimento da criança e do adolescente, o problema não está apenas no ato em si, mas
muitas crianças podem associar o beijo na boca com as imagens que assistem na
televisão. “A TV apresenta cenas,
imagens e verbalizações com forte conteúdo sexual e a criança imita, sem ter
noção do que se trata”, afirma Hilda.
A
questão pode se complicar à medida que o filho cresce. “Depois dos dez anos, a criança está vivenciando outra fase do
desenvolvimento psicológico e também biológico (com a chegada ou proximidade da
puberdade), já que se encontra em ação o funcionamento hormonal”, fala a
psicóloga.
Assim, evidencia-se
algumas consequências de beijar os filhos(as) na boca, ressaltando que se o
filho for respeitado em seu desenvolvimento, terá uma infância saudável e
feliz.
FONTE: diversos sites