quarta-feira, 22 de novembro de 2017

RELATO de um amigo e homem homossexual, e de sua descendência africana

RELATO SOBRE MINHA HOMOSSEXUALIDADE E DESCENDÊNCIA AFRICANA


- Aviso: como diz um amigo é um textão! Esse texto vai em resposta a muitas postagens que tenho visto a respeito da intolerância e da perplexidade de alguns da “existência” de crianças gays. Quando pequeno, sem saber o porque já me sentia atraído pelo mesmo sexo. Pelos olhos do meu pai (ex militar, ex caminhoneiro) eu era uma criança diferente. Gostava de ficar dentro de casa, de arrumar casa, de ouvir música, gostava de ler ao invés de brincar de bola (fato em que ele insistia que fizesse, mesmo sem eu gostar; logo tinha a melhor bola de couro da rua, os meninos da me chamavam pra brincar pois ninguém tinha uma bola oficial, mas era no gol rs).. Era quieto, introvertido, “delicado” . Essas qualidades me fizeram apanhar, e muito. De cinto, com a fivela do cinto, com vara de goiaba, com tapa na cara. Durante toda infância e adolescência me perguntava: por que eu? Por que não era “normal”? que Deus é esse que infringe tal sofrimento a uma pessoa? Sempre fui calmo, não desejava mal a ninguém e nada de ninguém, era prestativo, ouvinte, respeitador. Pensava naquela época que essas “qualidades” bastavam para ser tratado dignamente. Mas a vida e as pessoas podem ser cruéis, hoje penso que não fui abusado, me deixei abusar pois gostava de pessoas do mesmo sexo e no fundo era isso que queria, me relacionar com uma pessoa do mesmo sexo. Foi tudo muito horrível, viver era horrível. Eu era diferente e não “fazia bem” aos meus pais, afinal que pai quer ter um filho gay? Por isso, após muita porrada tentei mudar, namorei com meninas. Minha primeira relação sexual com mulher foi aos 15 anos, levado pelo meu pai a um puteiro na 21 de abril. Ele convidou vários rapazes para comprovar minha masculinidade na saída do quarto. Bebida paga para todos. Morei com uma mulher maritalmente na Bahia. O tempo passou, me retraí mais, comecei a enganar as pessoas, era mais fácil. Ah esqueci dos psicólogos da “cura gay” pelos quais passei. Me tornei o cara legal, muito legal. Com essa forma de defesa não sofria muitas agressões verbais ou de olhares reprovadores. Mas a pergunta do por que eu persistia. A não aceitação do seu EU é o pior castigo que um ser humano pode ter. E o tempo passou e eu sem saber quem eu era. Minha vó, apelidada de Maria Branca (branca de olhos azuis) era filha de escrava. Branca na cor devido sua mãe, negra, ter “sido deitada” com o senhor de engenho, branco na cor. Ela era “livre” pois nasceu após assinatura da lei Áurea. Contrariando a família casou-se com um negro tizil, vovô Maximiniano. Eles dois sem instrução, qualidade existente nos pais atuais (?), me ensinaram muito. Vovô que quando viu a vara de goiaba pendurada na parede, pegou e a jogou fora e deu uma chamada no meu pai e ela vovó Maria que em seu leito de morte me chamou e disse ao pé de ouvido :”meu filho, você pode ser o que você quiser, mas te peço uma coisa: seja um homem de CARÁTER”. Hoje eu concluo algumas coisas: sou negro (apesar do senso me definir como pardo), sou gay, sou homem de caráter. Ser homem ultrapassa a sexualidade. Sexualidade é ser macho e fêmea. Eu sou macho, posso reproduzir. Sou homem, tenho caráter. Sou gay, de nascença. Toda essa polêmica da criança gay tem me afetado muito. Quiçá, esses pais instruídos (?), não tenham em sua casa crianças “diferentes”, pois quero ver como vão agir, pois como percebe-se, não se muda o verdadeiro EU do outro. O que se tem de fazer é (sei que é difícil) no mínimo respeitar e criar um ambiente de amor ensinando a criança a ter força, a lutar, a ser honesto, a ter caráter pois ela vai passar por muita intolerância e com o apoio dos pais esse caminho árduo será mais fácil de vencer. Sou muito melhor que homem macho heterossexual que em nome do “seu deus” pratica barbáries com crianças (filhos ou não) gays. Esse deus não é o meu! O meu é da paz, do respeito. Aos pais de hoje só peço compreensão e saibam que se não estiverem ao lado do seu filho, ele vai sofrer e muito. Espero ter contribuído... rs na verdade não espero ter contribuído com nada, foi só um desabafo e um tapa com luva de pelica (como dizem os antigos) a tanta gente sem noção, que se acha o dono da verdade mas não sabe da missa o terço que se passa dentro de um menino gay. Obrigado e um abraço a todos. Thiago Domingues, Rubens Júnior, Danielle Lessa de Miranda, Luciana Rebello. 

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  MINHA RESPOSTA, OPINIÃO:
 
 

Exordialmente, obrigado, de verdade, por ter me marcado nesse seu textão. Gostei dos teus devaneios, ainda que imiscuído por problemas.

Esse texto só aumenta minha admiração por você, digo sem “o pai da mentira” do meu lado, digo com verdade e inteireza de coração. Sua luta em continuar naquilo que tinha comichão, desejo, tudo em meio a ‘perseguição’, foi capaz de muda-lo. Cresceu com esse desejo de ser gay. Que problema há nisso? Nenhum!

Você sabe que minha briga não é com “o ser gay”, mas com “gaysismos”, esse sim eu ‘bato sem pena’. Então, você pela garra, só conseguiu aplausos e parabéns nos comentários acima – já percebeu? – e ainda mais admiração. Já nos encontramos e tenho um desejo enorme que isso ocorra novamente. Você, por você e pela história explicitada, é um gigante, homem valoroso e respeitoso. ME GANHA, acho graça aos teus olhos com cada doçura de ser, com cada história que conta de vida, com cada sensibilidade da vida...

Lembra do saudoso Clodovil? – sem querer fazer aqui objeto de comparação –, pois bem, te vejo – não nas características físicas dele –, mas de ideais. Clodovil era um gay homem, gay de respeito, gay que mesmo assumido era vaiado pelo ativistas gays, pelo gayzismo. Esse gay queria ter conhecido e ser amigo, moraremos no mesmo céu. Mas conheci um outro Clodovil – apenas tipificado – você, meu nobre.

Você já conversou comigo certa feita por telefone, falando de princípios familiares admiráveis; que tinham preocupações, salvo engano, com uma de suas sobrinhas... Você é um Clodovil, homem gay assumido sem a pateticidade do esterco Jean Wyllys, por exemplo. Você é gay e não faz disso um lobby, uma causa a ser disseminada.

Você sofreu, apanhou, mas ouviu o que MUITO ME ALEGROU DE SUA AVÓ: “(...)seja o que quiser, mas seja um homem de caráter!” Que mulher sábia, que gente generosa, amorosa e sensata; quero encontra-la na eternidade e abraça-la. Homem é alguém que tem um pinto? Nãooo! Homem é alguém que tem caráter, ela acertou!

VOCÊ é homem gay, mas JAMAIS é um homem VIADO, pois, quando o gay dá pra ser viado que as coisas tendem a se ‘Jeanwyllyzar’. Ele é um GAY-VIADO, e não um gay, gay normal, GAY-HOMEM...

NEVRALGICAMENTE FRISE ISSO: “Até para ser gay o cara tem que ser homem”. O que existe de gay mais homem do que muitos homens, não está no gibi. Homem de verdade não falta com respeito, não excede seus desejos e volúpia, não viola princípios básicos de convivência e não se porta indecentemente. O HOMOSSEXUAL DE VERDADE NÃO É BICHA, É HOMEM. É homossexual, mas é sujeito sério, que não impõe a ninguém goela abaixo sua ‘gayzise’, tipo o Jean. É homossexual, mas é macho, íntegro, respeitoso, criterioso, prudente, moderado... Que não vive na patifaria!

ANOTE POR FAVOR: Quando o gay é homem, raramente se encontra homens que são mais homens do que ele!

Temos que parar com esse ódio acintuoso... Gay com ódio de hétero, hétero com ódio de gay...

Oh mundo chato, despiciendo, mefítico!!!

AGORA QUERO RESALTAR E AXIOMIZAR, PINCELANDO UMAS COISAS: Você disse “que Deus é esse que inflige tal sofrimento assim”, no caso, ao seu sofrimento na época. Dudu, ‘todos pecamos’, todos somos culpados, ainda que nossa desculpa seja as nossas boas-obras ou a nossa judiciosidade vaidosa... Deus PODE, mas nem sempre interfere em sofrimentos humanos. Já pensou se cada desejo humano Deus interferisse? Acho que você não seria conspícuo, não seria essa bênção de pessoa, se não tivesse passado por tais sofrimentos e ter sido lapidado por eles. Acho que você seria chato e sem sal. GRAÇAS A DEUS QUE VOCÊ TEVE UMA VIDA PARA PASSAR POR SOFRIMENTOS e ter saído deles, quantos nem vida tem. Você se tornou esse homem admirável pela lapidação da angústia e sofrimento. Ou vai me dizer que ela não nos faz melhor lá na frente? Só nos rebeldizinhos neo-ateus que levantam a questão patética: “Por quê, por quê?” Eu teria uma infinidade de coisas a dizer sobre essa de “porque Deus...”, mas vou ferir meus dedos de tanto digitar, deixa para depois...

Por fim, você se considera negro, aliás todos temos sangue negro, e negros foram escravizados e escravizaram também. Até agora em 2017 no dia da consciência negra – acho que não tinha de ter dia de nada, POIS TODO DIA É DIA DE TUDO, dia disso e daquilo nunca conscientizou o mundo em nada –, colocaram como patrono o Zumbi dos Palmares, HOMEM QUE MESMO SENDO NEGRO ESCRAVIZOU NEGROS, HISTORICAMENTE VENDEU ESCRAVOS PARA OS PORTUGUESES REVENDEREM NO BRASIL... ou seja: branco escravizou negros, negros a negros, negros à brancos, e assim seguiu o baile dos loucos e insanos humanos desta terra. Chata, neh!? 


Um grande abraço.
Prestes estou a ir em R.O., não foge de mim.
Te amo, cara, pode acreditar.
Felicidades