Me tornei ateu no que diz respeito ao "deus do mercado religioso", na verdade sempre fui, mas, hoje muito mais, embora continue atuando no segmento religioso, pois, há muitos com os quais lido e que me procuram que fazem parte deste universo religioso.
Ao tempo que afirmo estar cada vez
mais crente no Deus Eterno que não se deixa rotular, muito menos se apequena e
jamais se enquadra a qualquer sistema religioso. Pra mim, o pior momento de um
religioso é quando ele descobre que toda religiosidade não lhe deu a resposta
pra sua alma sedenta do Eterno, afinal a alma humana tem sede do Deus Eterno
que a criou e colocou dentro dela a eternidade.
Outro momento crítico pra um
religioso é quando ele descobre que usou uma "auréola" tão apertada e
por tanto tempo que só lhe trouxe dores de cabeça e desconfortos
desnecessários. Pro religioso é complicado admitir que toda religiosidade não o
imunizou contra as fragilidades do ser. Difícil admitir que continua vulnerável
às seduções. Que todo esforço e abstinências não foram suficientes pra lhe
livrar das quedas. Este é o momento da conversão pra graça que aplaina terrenos
trincados.
Uma descoberta que deixa um religioso
infeliz é quando começa perceber que o Eterno não faz acepção de pessoas e faz
"chover na horta" de todos, bons e maus e pior, ouve orações dos
chamados "incrédulos" e visita as vidas dos que, aparentemente, não O
temem, não O reverenciam, não O louvam, não O adoram.
A
graça é escandalosamente abrangente.
O
religioso sincero é um preso em nome de um Deus que o quer livre.
Fomos chamados pra liberdade com
responsabilidade.
Participo de uma Comunidade de
Seguidores de Jesus de Nazaré vinculados em amor e amizade que se reúne, se
encontra de maneira informal, acolhedora, leve, livre, responsável, ao redor da
mesa, do pão, do vinho, da vida, do Evangelho. É a partir disto que vivo hoje
no chão da vida, relendo e reinterpretando o Evangelho buscando traduzi-lo para
o meu cotidiano e o cotidiano de muitos que caminham comigo.
Encorajo encontros informais, leves,
livres, acolhedores, responsáveis, em qualquer dia, qualquer lugar, qualquer
hora, com quem deseja livremente participar. Espaços onde o ir e vir acontece
sem constrangimentos.
Com responsabilidade escrevo e
reparto com quem me lê.
Carlos Bregantim