terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

"Me tornei ateu, na verdade sempre fui, mas, hoje muito mais..."


Me tornei ateu no que diz respeito ao "deus do mercado religioso", na verdade sempre fui, mas, hoje muito mais, embora continue atuando no segmento religioso, pois, há muitos com os quais lido e que me procuram que fazem parte deste universo religioso.



Ao tempo que afirmo estar cada vez mais crente no Deus Eterno que não se deixa rotular, muito menos se apequena e jamais se enquadra a qualquer sistema religioso. Pra mim, o pior momento de um religioso é quando ele descobre que toda religiosidade não lhe deu a resposta pra sua alma sedenta do Eterno, afinal a alma humana tem sede do Deus Eterno que a criou e colocou dentro dela a eternidade.

Outro momento crítico pra um religioso é quando ele descobre que usou uma "auréola" tão apertada e por tanto tempo que só lhe trouxe dores de cabeça e desconfortos desnecessários. Pro religioso é complicado admitir que toda religiosidade não o imunizou contra as fragilidades do ser. Difícil admitir que continua vulnerável às seduções. Que todo esforço e abstinências não foram suficientes pra lhe livrar das quedas. Este é o momento da conversão pra graça que aplaina terrenos trincados.

Uma descoberta que deixa um religioso infeliz é quando começa perceber que o Eterno não faz acepção de pessoas e faz "chover na horta" de todos, bons e maus e pior, ouve orações dos chamados "incrédulos" e visita as vidas dos que, aparentemente, não O temem, não O reverenciam, não O louvam, não O adoram.

A graça é escandalosamente abrangente.

O religioso sincero é um preso em nome de um Deus que o quer livre.

Fomos chamados pra liberdade com responsabilidade.

Participo de uma Comunidade de Seguidores de Jesus de Nazaré vinculados em amor e amizade que se reúne, se encontra de maneira informal, acolhedora, leve, livre, responsável, ao redor da mesa, do pão, do vinho, da vida, do Evangelho. É a partir disto que vivo hoje no chão da vida, relendo e reinterpretando o Evangelho buscando traduzi-lo para o meu cotidiano e o cotidiano de muitos que caminham comigo.

Encorajo encontros informais, leves, livres, acolhedores, responsáveis, em qualquer dia, qualquer lugar, qualquer hora, com quem deseja livremente participar. Espaços onde o ir e vir acontece sem constrangimentos.

Com responsabilidade escrevo e reparto com quem me lê.


Carlos Bregantim