quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Ser ateu é mais fácil, já tentei, mas não consigo ser!


Eu tenho tudo pra ser ateu, mas não consigo ser. A experiência espiritual sempre acontece diante dos nossos olhos, sentidos e percepções, só que muitos acabam dando outro nome pra tudo isso. Mesmo quem negue a existência de Deus, convive com Ele o tempo inteiro; mesmo que seja pra negá-lo.


Ser ateu é mais fácil

Nosso país é laico, vivemos em plena democracia, com liberdade de expressão a todo vapor, com o estado democrático de direito em vigor, liberdade religiosa e etc., e é nessa liberdade religiosa que vivemos que é o lugar onde mora o perigo, pois, os religiosos carregam sobre os ombros um peso avassalador. Não me refiro do peso imposto por religiosos fanáticos que eles mesmos carregam e impõem a outros esse peso nefasto, mas digo do drama de ser religioso (ou alguém que crer em algo) e receber pressões de todos os lados pelo viés da Moral e da Ética.

Moral eu poderia até tirar, porque a palavra “moral” advém da maioria, e a maioria não está nem aí, me entende!? Portanto, religiosos – seja de qual crença for –, sofrem dentro da própria Liberdade Religiosa que lhe cercam com pressões a viver como “um politicamente correto”, como “um demasiadamente justo”, e isto é atualmente imposto pelo ‘neo-ateísmo’ que vive pra apologeticar seu discurso.

Note que na história humana, a anos atrás, os ateus eram aqueles que viviam na dele, não faziam apologia e nem proselitismo ateísta; só falavam de Deus quando interpolados, não queriam debates, só queriam viver suas vidinhas “sem Deus”... Hoje é diferente, não basta ser ateu, tem de usar as mesmas mecânicas da religião-fanática, tem de pregar o ateísmo, colocar faca no pescoço de religiosos colocando pressão pra se viver uma vida santa, proliferar a ideia da não existência de Deus pra todo mundo, enfim, ateu hoje ‘tem até igreja, (risos).

Esse grupo denominado “neo-ateu”, também tem sua liberdade religiosa baseada na Constituição, eles tem o direito de viver na ‘não-crença’. É usando isto que entendo que ser ateu é muito mais conveniente do que ser um religioso ou um crente em Deus com normas éticas pra se viver.

Ser ateu é mais fácil, pois, eles não precisam dessa pressão ética pra se manter numa linha - e digo ser de Deus não tem na a ver em ser essa espécie de "santo" -, religiosos não, sobre eles carregam o mandamento do “não pequeis”, “não isso e não aquilo”, tudo pra saúde do próprio ser... Pra ser ateu não precisa de nada disso, basta ser, basta dizer ser ateu, basta dizer: “Creio que o mundo fora criado pelo ‘acaso’; creio que coisas inanimadas vieram a animar vida; creio no estrondo do Big Bang; creio que Charles Darwin estava certo quando defendia com unhas e dentes a Teoria da Evolução e que Friedrich Nietzsche bem disse sobre a “morte de Deus”; e também acabei virando fã após ler o ambiguo e ambivalente Richard Dawkins dizer que “Deus é um delírio”.

Quando eu não acredito e não tenho regras pra seguir, não tenho ideia do absoluto, apenas do relativo e de nenhum parâmetro que deve me guiar, isso acaba sendo em si muito mais fácil dizer ser ateu, afinal de contas Deus não existe e não tenho que mudar minhas rotas, minhas direções, minha vida errada; eu sou dono da minha vida e faço dela o que bem quero. Dizer-se ateu é mais conveniente pra quem não quer Deus com elemento primário.

No fundo, os ateus vivem uma vida “mais fácil”, ao mesmo tempo mais solitária.

Pena, muita pena... Vivem sozinhos tendo de dar conta de toda subversão e imbróglio que lhes acometem sem poderem ser salvos pelos seus próprios sofrimentos.

Lamento não darem oportunidade a eles mesmos em clamar naqueles dias que as lágrimas caem quando no sufoco encostam a cabeça no travesseiro: “Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.” (Sl 121:1,2).

Rubens Júnior

28/08/16