quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O conselho de Lutero e as Últimas Horas...


É alarmante e ao mesmo tempo assustador, perceber com os nossos próprios olhos que o fim tem chegado, posto que em si, por mais traumática que seja a existência de alguém, todos, ou quase todos no fundo querem a vida, querem viver. Pelos relatos que temos na Palavra, de fato, nossos dias são “dias trabalhosos”, como disse Paulo a Timóteo na sua segunda epístola, enumerando pontos da sua afirmação, tecendo comentários de como os homens agiriam no período dos últimos dias na sua concepção.

Interessante é a matemática na bíblia a despeito destes “últimos dias”.

Se diz que em II Pe 3:8 que “um dia para Deus é como mil anos, e mil anos como um dia”. Ora, isso significa que Deus não tem tempo estipulado, não trabalha como o nosso relógio; passado, presente e futuro são simultâneos em Deus, estão mutualmente acontecendo. O autor de Hebreus 1:1,2 diz que “Deus havia falado ao seu povo e a povos de várias formas e de várias maneiras, e que – note – nestes últimos dias, falou pelo seu Filho (Jesus)...”. PENSE: Se Cristo morreu corporalmente a mais de dois mil anos – nosso calendário no espaço-tempo –, uma vez que Ele ainda não voltou, isso significa, que “últimos dias” para Deus já tem mais de dois mil anos. Percebeu a ótica de tempo de Deus? Como Deus vê o tempo?

Dito isto, é fácil entender a célebre frase de Lutero, de que “a Igreja deveria viver como se Jesus tivesse morrido ontem, ressuscitado hoje e fosse voltar amanhã", posto ser impossível saber quando será o fim, e a necessidade de se viver firmes e inabaláveis na fé e na certeza da vindo do Filho Salvador.

Apóstolos como Paulo e João tiveram a ligeira impressão em suas épocas de que Cristo viria, e que já era o fim. Mas como já sabemos que a matemática divina é subversiva, a noção de tempo e de “últimos dias” deles, nos assusta ainda mais, pois, se a quase dois mil anos atrás estes santos homens tinham a certeza – dentro de suas limitações humanas –, de que era o tempo do fim, o que então não devemos pensar nos dias de hoje depois já tanto tempo decorrido e de que as coisas tendem e estão, a passos largos, piorando?

Paulo acreditava que Jesus viria arrebata-los, em I Ts 4:17 diz claramente: “(...)e nós o que ficarmos seremos arrebatados...”. João como todo seu amor, doçura e carisma paternal, diz no capítulo 2 da sua primeira carta que “é a última hora, pois já muitos anticristos têm surgido, pelo que conhecemos que é a última hora”. Essa é uma afirmação assertiva, de alguém que, assim como Paulo, tinha a certeza que o fim havia chegado, ainda mais o que se vivia no contexto de sua carta, época pós-Nero onde Jerusalém já tinha caído e a igreja estava toda corrompida de anticristos. Ele não tinha saída, pensava ser a última hora.

Paulo errou? De modo algum! Como homem via o mundo perdido, gemendo aguardando a vinda do Senhor, e tinha esperanças que ocorreria em sua época. E João, errou ao dizer que era “a última hora?” De maneira nenhuma! Assim com Paulo, ele viu o mundo perdido, sem saída, sem esperança de melhorias, e no afã da genuína fé, pelo contrário, nos deu ainda mais a preocupação de uma rápida e provável eminente volta do Senhor. Até porque, mil anos é como um dia...

O que fazer com tudo isso? “Remir o tempo porque os dias são maus” (Ef 5:16), “ficar firmes”, não nos anticristianizar como muitos fizeram no tempo de João, não deixando ser um dos que estão no meio mas não ser do meio (v.19 de I Jo 2); viver “aguardando e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus” (II Pe 3:12), e seguir o supracitado e reiterado conselho de Lutero que nos chama a atenção e nos alerta a vivermos vigilantes, pois A Hora pode ser a qualquer hora.

Rubens Júnior,
São Gonçalo