É alarmante e ao mesmo tempo assustador, perceber com os nossos próprios olhos que o fim tem chegado, posto que em si, por mais traumática que seja a existência de alguém, todos, ou quase todos no fundo querem a vida, querem viver. Pelos relatos que temos na Palavra, de fato, nossos dias são “dias trabalhosos”, como disse Paulo a Timóteo na sua segunda epístola, enumerando pontos da sua afirmação, tecendo comentários de como os homens agiriam no período dos últimos dias na sua concepção.
Interessante é a matemática na bíblia a despeito destes “últimos
dias”.
Se diz que em II Pe 3:8 que “um dia para Deus é como mil anos, e mil anos como um dia”. Ora,
isso significa que Deus não tem tempo
estipulado, não trabalha como o nosso relógio; passado, presente e futuro são
simultâneos em Deus, estão mutualmente acontecendo. O autor de Hebreus 1:1,2
diz que “Deus havia falado ao seu povo e a
povos de várias formas e de várias maneiras, e que – note – nestes últimos dias,
falou pelo seu Filho (Jesus)...”. PENSE: Se Cristo morreu corporalmente a
mais de dois mil anos – nosso calendário no espaço-tempo –, uma vez que Ele
ainda não voltou, isso significa, que
“últimos dias” para Deus já tem mais
de dois mil anos. Percebeu a ótica de tempo de Deus? Como Deus vê o tempo?
Dito isto, é fácil entender a célebre frase de Lutero, de que “a
Igreja deveria viver como se Jesus tivesse morrido ontem, ressuscitado hoje e
fosse voltar amanhã", posto ser impossível saber quando será o fim,
e a necessidade de se viver firmes e inabaláveis na fé e na certeza da vindo do
Filho Salvador.
Apóstolos
como Paulo e João tiveram a ligeira impressão em suas épocas de que Cristo
viria, e que já era o fim. Mas como já sabemos que a
matemática divina é subversiva, a noção de tempo e de “últimos dias” deles, nos assusta ainda mais, pois, se a quase dois
mil anos atrás estes santos homens tinham a certeza – dentro de suas
limitações humanas –, de que era o tempo
do fim, o que então não devemos pensar nos dias de hoje depois já tanto
tempo decorrido e de que as coisas tendem e estão, a passos largos, piorando?
Paulo acreditava que Jesus viria arrebata-los, em I Ts 4:17
diz claramente: “(...)e nós o que
ficarmos seremos arrebatados...”. João como todo seu amor, doçura e carisma
paternal, diz no capítulo 2 da sua primeira carta que “é a última hora, pois já muitos anticristos têm surgido, pelo que
conhecemos que é a última hora”. Essa é uma afirmação assertiva, de alguém
que, assim como Paulo, tinha a certeza que o fim havia chegado, ainda mais o
que se vivia no contexto de sua carta, época pós-Nero onde Jerusalém já tinha
caído e a igreja estava toda corrompida de anticristos. Ele não tinha saída, pensava
ser a última hora.
Paulo errou? De modo algum! Como homem via o mundo perdido, gemendo aguardando a vinda do Senhor, e
tinha esperanças que ocorreria em sua época. E João, errou ao dizer que era “a última hora?” De maneira nenhuma! Assim
com Paulo, ele viu o mundo perdido, sem saída, sem esperança de melhorias, e no
afã da genuína fé, pelo contrário, nos deu ainda mais a preocupação de uma rápida
e provável eminente volta do Senhor. Até porque, mil anos é como um dia...
O que fazer com tudo isso? “Remir
o tempo porque os dias são maus” (Ef 5:16), “ficar firmes”, não nos anticristianizar como muitos fizeram no
tempo de João, não deixando ser um dos
que estão no meio mas não ser do meio (v.19 de I Jo 2); viver “aguardando e desejando ardentemente a vinda
do dia de Deus” (II Pe 3:12), e seguir o supracitado e reiterado conselho
de Lutero que nos chama a
atenção e nos alerta a vivermos vigilantes, pois A Hora pode ser a qualquer
hora.
Rubens Júnior,
São Gonçalo